Muitos são os fatores que incentivam a mulher a tomar a decisão de parar de menstruar: além de suspender o sangramento, evita sintomas desagradáveis como cólicas, dor de cabeça e inchaço. Hoje em dia, são encontrados facilmente vários anticoncepcionais de uso contínuo que interrompem a menstruação. No entanto, é bom avaliar os benefícios e riscos antes de fazer a escolha.
Prós
"O contraceptivo contínuo tem os mesmos efeitos colaterais que qualquer anticoncepcional", afirma a ginecologista Arícia Giribela, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Para a médica, a suspensão da menstruação não traz nenhum tipo de problema para a saúde da mulher.
A terapia é eficaz para mulheres que sofrem com os sintomas da menstruação. Um estudo da Faculdade de Medicina de Jundiaí (SP) avaliou 334 usuárias de pílulas sem pausa e comprovou que 95% delas não tiveram mais menorragia (fluxo intenso) e 75% não sentiram mais cólicas.
Outra indicação é contra a endometriose. "É uma das mais usadas e mais eficazes formas de tratamento do problema", garante Alicia. Os hormônios ajudam a reduzir a dor e as cólicas.
Quanto à fertilidade, não há estudos que relacionem o uso de anticoncepcionais hormonais à dificuldade de engravidar. A ginecologista explicou que a mulher volta a ovular normalmente entre o primeiro o terceiro mês após a interrupção do uso da pílula.
A especialista também questiona a necessidade da pausa mensal do anticoncepcional. Diferentemente da menstruação natural, o sangramento mensal de quem usa a pílula é provocado pela suspensão do consumo do medicamento e não da flutuação hormonal que ocorre no ciclo menstrual. "É uma menstruação falsa", afirma.
Contras
"Não temos o direito de dar a ilusão de que o método seja 100% eficaz em provocar ausência de menstruação", afirma a ginecologista e obstetra Luciana Nobile, membro da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. A médica alerta que em quase 50% dos casos, há diminuição do sangramento, mas não a interrupção total.
Os efeitos a longo prazo da ingestão continuada de hormônios também preocupam a especialista. Luciana explica que não há estudos que relacionem o uso de anticoncepcionais aos casos de câncer, mas não descarta a possibilidade de o medicamento ser um fator de risco, tal como a terapia de reposição hormonal. "Os defensores alegam que a quantidade de hormônios é muito inferior, mas, por longos períodos de exposição, não poderia ter o mesmo efeito?", questiona.
A ginecologista reconhece os benefícios do contraceptivo contínuo para a endometriose e para mulheres com problemas relacionados à menstruação. No entanto, lembra que não há terapia indicada para todas as mulheres e recomenda que a decisão seja avaliada junto com o médico.
No entanto, a maior preocupação da médica não é com relação a efeitos colaterais e sim com a falsa sensação de segurança dos anticoncepcionais hormonais. "O aspecto mais relevante da contracepção em tempos de HIV é a ênfase ao uso do preservativo", salienta Luciana. "Estou convencida de que todas estas questões serão temas para as próximas décadas", afirma.
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